A Zona de Conforto

Published on 1 January 2025 at 16:54

 

Poderá haver "conforto" no desconforto?

Porquê sair da zona de conforto? É assim tão mau ficar num lugar seguro?

 

Ultimamente, parece que me encontro rodeada de justaposições ⁉️

Parece que o meu cérebro está constantemente a mudar de um lado para o outro...

 

Isto é bom ou mau?

Gosto ou não gosto?

Isto ainda faz sentido ou é hora de largar e seguir em frente?

 

Uma das maiores divisões que tive de aprender a navegar para realmente encontrar o meu caminho do meio foi em relação à quimioterapia 😮‍💨

 

Atualmente no meu 'terceiro rodeo', este tem sido um dos assuntos mais desafiantes com que já tive de lidar, tanto a nível físico como emocional.

Desde o primeiro tratamento que me deixou completamente debilitada, até lidar com os efeitos secundários como uma profissional hoje em dia... não foi fácil aceitar este caminho turbulento.

 

Sempre vi a quimioterapia como o pior medicamento farmacêutico que alguém poderia ter.

Esta forma de pensar ➕️ Imagens de doentes oncológicos com aspeto doentio em anúncios de TV ➕️ Cenas de filmes 🟰 Uma conclusão assustadora de que este é o pior veneno a que o corpo pode ser exposto!

 

Por isso, quando me disseram que a quimioterapia era a única opção de tratamento disponível... lá veio a raiva, o medo, a confusão e o desespero... tudo de uma vez 😰

 

Tendo vivido um estilo de vida relativamente saudável e holístico, livre de medicamentos, durante vários anos, isto foi muito difícil de aceitar.

E, no entanto, o medo de morrer, juntamente com o instinto de sobrevivência, apoderaram-se de mim e decidi avançar com o tratamento, para o meu desgosto e com muita resistência mental!

 

Simplesmente não conseguia aceitar como é que uma droga tão violenta ainda existia.

 

Pesquisei todas as alternativas possíveis e... vi-me perdida... ainda mais confusa e furiosa!

 

De facto, existem alternativas! Na verdade, existem inúmeras modalidades de tratamento holístico para o cancro. Mas só estão disponíveis para alguns, e o custo para aceder a estes tratamentos é astronómico!

O barómetro da raiva continuou a subir por esta altura...

 

Pensei em todas as formas possíveis de pagar tais tratamentos, mas algo dentro de mim ainda me incomodava... Não tinha encontrado um único caso bem-sucedido de colangiocarcinoma!

Bem... esta realidade foi como 'levar na cara com uma frigideira' 😣

 

Completei então 6 meses do "veneno" e, na verdade, para minha surpresa, tive uma boa resposta e controlei bem os efeitos secundários, apesar de ter tido um início muito turbulento 🙏

 

Fiquei muito feliz por ver o fim e rezei para nunca mais ter de fazer quimio!

 

O universo, no entanto, tinha outros planos para mim... exatamente um ano depois, estava a embarcar noutro ciclo de tratamento de 6 meses.

 

Desta vez sabia e sentia que precisava de fazer as coisas de forma diferente. A raiva e o medo são duas emoções muito fortes e com vibrações extremamente baixas.

Tais sentimentos podem deixar o corpo num estado de inflamação.

Como poderia curar-me se o meu corpo estava constantemente sob este stress emocional?!

 

Com a ajuda de meditações guiadas e visualizações, comecei a aceitar a quimioterapia e deixei de a ver como um veneno. Encarei-a como um tratamento médico que, combinado com as minhas práticas holísticas, me daria o melhor resultado.

Fiquei novamente super feliz quando chegou ao fim e, mais uma vez, tive a esperança de nunca mais precisar dela!

 

Até que... um ano depois... sim, já adivinharam!!!

 

Rodeo 3 🙄 aqui vou eu outra vez...

 

Desta vez, porém, não tive medo. Senti-me fortalecida!

'Eu sei o que fazer... bora lá' 💪 pensei eu... 'Todos os efeitos secundários são iguais... Sei como lidar com eles de olhos fechados!'

 

O que me leva ao início deste blog... a zona de conforto!

 

Apesar dos efeitos secundários desagradáveis, parece que isto faz parte da vida. É tão estranho, mas é como se me sentisse confortável no desconforto 🤷🏻‍♀️ tudo parece tão familiar agora... os dias bons, os dias desagradáveis... os dias de 'estar longe das pessoas' (um dia destes vou escrever um post sobre os efeitos secundários da quimioterapia).

 

Aprendi a aceitar que não tem de ser uma batalha entre a medicina moderna e os métodos tradicionais de cura. Porque não combinar os dois? Se nós, humanos, desenvolvemos métodos tão inovadores, porque não combiná-los com mais de cinco mil anos de conhecimento antigo? Seremos tão arrogantes no Ocidente ao ponto de pensarmos realmente que a medicina convencional/alopática, que existe há "5 minutos", é a resposta para tudo? Ainda estamos longe de conseguir a harmonia entre os dois "campos" na nossa sociedade, mas há esperança!

 

Eu certamente encontrei o meu caminho do meio!

Aprendi a encontrar conforto no desconforto... Aprendi a abandonar a resistência e o controlo e a aceitar onde me encontro ao longo desta caminhada...

Aprendi a unir o holístico com o convencional...

 

Tendo passado a maior parte da minha juventude a sair da minha zona de conforto... do ar (paraquedismo) à água (mergulho)... da terra (motociclismo todo-o-terreno) ao fogo (acampamento selvagem), tive, com gratidão , a minha quota de aventuras 🙏 mas agora sinto que está na altura de encontrar o conforto em ter uma rotina.

 

Claro que não quero fazer quimioterapia durante muito tempo... Ainda continuo positiva a aguardar a remissão espontânea! Mas, entretanto, aceito e confio que estou exactamente onde tenho que estar... Por agora deixo-me ficar na minha zona de 'des-Conforto' o tempo que for necessário! ✨️ 💫 ✨️

 

Sara 💙

 

'Precisamos de estar dispostos a sentir-nos confortáveis ​​com o desconforto para crescer'

Michael Port

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